PÉROLA NEGRA
Angélica
Quem é essa mulher
Que canta sempre esse estribilho?
Só queria embalar meu filho
Que mora na escuridão do mar...
Chico Buarque
Jamais compreenderei de fato
A dor que te vai no peito
Coração magoado pela seta do destino
Irremediavelmente dilacerado,
Destroçado, sentindo a dor indelével,
A incomparável dor de se perder uma filha querida!...
Lágrimas amargas transfiguradas em cristalinas pérolas
Vitalizam-se de teu sofrimento ímpar!...
Ah, não sei dessa dor,
Mas sinto-a, sinceramente,
Aqui dentro, em meu coração, e por isso
Rascunho estes tristes versos
Querendo aliviar, lenitivamente, o teu sofrer!
Um dia não precisaremos mais morrer.
Eternos, seremos eternos!
Saudade nunca mais! Tristeza, nunca mais!
Dor! Não haverá mais dor
E embriagar-no-emos com o eterno frescor das primaveras!
Ah! Mas enquanto este dia não chega
Resta-nos aceitar as linhas tortas escritas por Deus!
Ainda que nos doa, Ele sempre quer nosso bem.
Últimos, sim estes são os últimos dias!...
Já sinto a força da aurora resplendente de um novo tempo
O tempo em que terás todo o tempo do mundo para ninar tua filha!
Melgaço, Pará, Brasil, 2 de março de 2011.
Composto por Jaime Adilton Marques de Araújo.
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Sussurros exalados do triste peito do poeta ao condoer-se do estado patético em que se encontrava sua irmã, Jacidalva, que até a data da composição deste acróstico, isto é, 02/03/2011, não havia superado a dor da perda de sua querida Isabere, natimorta a 13/11/2010.