O ÚLTIMO SONETO
A Mário Lago
Não tenho mais a lepidez de outrora
Qual primavera a exalar frescor
Quando a suave brisa, vida afora,
Soprava-me sua canção de amor!
A estação tenebrosa se aproxima
E um frio intenso me enregela os ossos.
Resoluto, enfim, aceito a sina…
E contra ela sei que lutar não posso.
Angustiado, então, em ânsia louca,
Sinto um líquido me escorrer da boca...
É o último beijo da Indesejada
Que me sorri à porta do meu quarto...
Veio buscar-me... E, passos tépidos, parto
Pra o leito sombrio da última morada!
Melgaço, Pará, Brasil, 30 de maio de 2002.
Composto por Léo Frederico de Las Vegas
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