VIDA CLANDESTINA
A poesia é um escarro
Que há muito tempo meu peito expeliu
E o que restou foi um pigarro
Do último verso triste que saiu...
E há quem queira tirar um sarro
Da minha cara de poeta vil
A minha rima vem do barro
Não falo em flores, nem em céu de anil.
Do ser humano a miséria
Dos meus versos é matéria
Não se faz um luar assim bonito
Lá no céu.
E vou seguindo meu dilema
A vida lamentando nos poemas meus
Quem sabe um dia alguém, então, me escuta
Quem sabe um dia, então, me ouça Deus!
As flores todas têm espinhos
E a lua negra despontou no céu
Deixando órfãos de carinhos
Os construtores todos de Babel
Não sei dizer o que se passa
Na contramão da rua Maradey
Um acidente (que desgraça!)
Mata a Morena que eu um dia amei!...
Do ser humano a miséria
Dos meus versos é matéria
Não se faz um luar assim bonito
Lá no céu.
E vou seguindo meu dilema
A vida lamentando nos poemas meus
Quem sabe um dia alguém, então, me escuta
Quem sabe um dia, então, me ouça Deus!
Cachoeira do Arari, Pará, Brasil, 25 de agosto de 2011.
Composto por Manoel da Silva Botelho.
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Contrafactum da canção "CIGARRO", composição de Zeca Baleiro.