O VELHO PESCADOR
Num vilarejo à beira do mar,
Viviam histórias de ondas e sal.
Havia um velho de olhar sereno,
Que tinha com o mar laço ancestral.
Chamavam-no Antônio, o pescador,
Conhecedor das águas e dos ventos.
Com suas redes e um barco antigo,
Desvendava os segredos dos tempos.
Nas noites calmas, sob o céu estrelado,
Contava histórias aos netos atentos.
Falava de sereias, monstros, tesouros,
De tempestades e mistérios dos mares.
Certa vez, enfrentou uma tempestade,
Que parecia querer engolir o mundo.
Com coragem e fé, Antônio remou,
E o mar, respeitoso, então se acalmou.
Ao retornar, recebido com alegria,
Por aqueles que temiam sua partida.
Assim, Antônio viveu seus dias,
Como um herói, um guardião das marés.
Melgaço, Pará, Brasil, 25 de janeiro de 2014.
Composto por Jayme Lorenzini García
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XÁCARA - É um gênero de poesia narrativa tradicional em Portugal e no Brasil, que conta histórias populares, frequentemente de caráter histórico, lendário, ou moralizante. Em seus primórdios as xácaras eram cantadas ou declamadas em festas populares, em feiras ou até mesmo em ambientes domésticos. As características principais de uma xácara incluem: 1) Narrativa: As xácaras contam uma história, muitas vezes de aventuras, guerras, amor ou feitos heroicos; 2) Versificação: Geralmente são escritas em versos de redondilha maior (versos de sete sílabas poéticas), mas também podem ser encontradas em outras métricas. 3) Temática: As histórias contadas podem ter origem histórica, mas também podem ser fictícias ou misturar elementos históricos e lendários. 4) Oralidade: Como parte da tradição oral, as xácaras eram passadas de geração em geração, o que possibilitou variações regionais e adaptações ao longo do tempo. As xácaras desempenharam um papel importante na literatura popular, funcionando como um meio de transmitir cultura, valores e histórias através das gerações.