ASFALTO FRIO
De ontem é o jornal que leio
Notícias de que o meu Brasil cresceu
A sete pontos percentuais e meio
Mas eu pergunto: "Quem foi que enriqueceu?!"
Se eu durmo mesmo é aqui no meio
Fio da calçada, rei junto ao plebeu.
Notícia vira cobertor, correio
Da boa nova que jamais aconteceu.
E assim os dias vão
Tudo passa, ilusão!
Quem sabe não seria tão mais divertido
Sucumbir?
Onde estão os dias belos
Anunciados em mitos infanticidas?
Não crer em nada, pois, é o que me resta
Não crer em nada é, pois, não crer na vida!
Há corações endurecidos
Nos condomínios que não visitei?!...
E de carinhos já despido
Enfrento a noite e sua dura lei...
Não sei do amanhã sombrio
Se, porventura, aqui estarei!
Me abraço com o asfalto frio
E "O que é o futuro?" Sempre me perguntei...
E assim os dias vão
Tudo passa, ilusão!
Quem sabe não seria tão mais divertido
Sucumbir?
Onde estão os dias belos
Anunciados em mitos infanticidas?
Não crer em nada, pois, é o que me resta
Não crer em nada é, pois, não crer na vida!
Cachoeira do Arari, Pará, Brasil, 27 de março de 2011.
Composto por Manoel da Silva Botelho.
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Contrafactum da canção "CIGARRO", composição de Zeca Baleiro.