A PAIXÃO DE UM BEIJA-FLOR
O Poeta
Beija-flor, que fazes na minha janela?
Porventura me trazes lembranças daquela
Meiga morena que eu outrora amei?
Ou será a lembrança saudosa
Da mulher que foi minha esposa?
Fala-me, ó beija-flor, eu não sei!
Sei que murmuras um segredo… de amor?
Para essa bonita e singela flor
Que vês aí dentro desse vaso amarelo!
Mas, por que não contar para mim
O verdadeiro motivo de estares aqui?
Abre-te comigo, meu pássaro belo!
O Beija-Flor
Sou um pássaro triste, não vês?!
Mas, por favor, não me venha você
Com mil perguntas querer me apoquentar.
Ah! Se eu pudesse nesse momento…
Não! É melhor conter esse lamento…
É triste demais para mim falar!
O Poeta
Quê? Então não queres ser o porta-voz
De alguma notícia triste e atroz
Que possa me fazer sofrer?
Ah! Beija-flor, eu já paguei meus pecados
E tenho certeza que esse recado
Que me trazes não vai me abater!
O Beija-Flor
Não é recado algum amigo poeta!
Mas lamento, pois uma aguçada seta
Traspassa de dor meu coração sofrido.
Esta flor, ó como eu a amo de coração,
Mas ela nem liga para a minha paixão
Por isso é que eu fico abatido!
O Poeta
Ora, por que não me falaste antes
Que era essa linda flor tua amante
E que, com seus encantos, de traz aqui?
Então a outro eu não a teria prometido…
No entanto, é fato de todos conhecido
O casamento dessa flor com um jasmim…
Ah! Beija-flor, lamento tua sorte!
E pra que essa paixão não seja a tua morte
Sugiro-te, amigo, uma ótima solução:
Ama um ser de tua própria espécie;
Mas atenta bem, não te esquece:
Deves amá-lo de todo o teu coração…
Afuá, Pará, Brasil, 20 de janeiro de 2010.
Composto por Léo Frederico de Las Vegas.
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