CIÚME E SOLIDÃO...
Nunca saberei o que fizeram em seguida. Não tive coragem para continuar espreitando. O ciúme que me corroía era muito maior que o desejo de certificar-me pessoalmente sobre os boatos que há algum tempo circulavam à boca pequena. E, por isso, para que a ciumeira não me levasse a cometer um desatino, resolvi declinar, largar de mão, recuar. Mas vocês estavam lá, no cais do porto, na orla da cidade, um ao lado do outro, de mãos dadas, olhando para a amplidão do céu. A lua assomava por sobre a copa das árvores, do outro lado da baía, quase escondida pelas nuvens, refletindo-se exuberante, nas águas que eram levamente acariciadas pelo vento. Foi aí que resolvi voltar para casa, inclausurado em minha própria concha, entregue completamente à solidão.
Cachoeira do Arari, Pará, Brasil, 10 de junho de 2011.
Composto por Manoel da Silva Botelho.
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