O DESEJO DO POETA
A inspiração não me acode nesta hora
Que penso na morena dos meus sonhos
Para fazer-lhe em versos imponentes
O mais belo poema de ternura
Ouriçando a combustão no aconchego
Da louca sarça ardente de seu corpo!
Em louca febre ardente o seu corpo
Dá sinais de que precisa desta hora,
Do meu abraço forte e do aconchego
Que embala a luxúria dos seus sonhos
Imersos em desejos e ternura
De delírios febris e imponentes!
Desejo seus sussurros imponentes,
Desejo ardentemente o seu corpo
Para abrandar do fogo a ternura
Que queima o meu peito bem na hora
Em que m'entrego tonto aos meus sonhos
De com ela viver nesse aconchego!
Ah! seu carinho sincero, o aconchego
De seus braços de abraços imponentes
Que me faz delirar em rudes sonhos
De descansar no oásis de seu corpo
Esquecido da vida, atento à hora
De oferta-lhe meu amor, minha ternura!
É indizível sentir essa ternura
Pela morena a quem dou aconchego,
Com quem eu sonho nessa triste hora
E a quem louvo em rimas imponentes;
É bom sonhar co' a febre de seu corpo
Em doces, e febris, e longos sonhos!
E se a inspiração não faltam os sonhos,
Nem o enleio inebriante da ternura
Que busca da Amada o ardente corpo
Exaurindo-se em paixão e aconchego
Na chama de amor & sexo, imponentes
Amantes que se amam a qualquer hora!
Quero-a nesta hora, mesmo que em sonhos
Belos e imponentes, cheios de ternura
Pra sentir o aconchego de seu corpo!
Afuá, Pará, Brasil, 16 de dezembro de 2012.
Composto por Jayme Lorenzini García
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SEXTINA - É um poema que apresenta um dos sistemas estróficos mais difíceis e raros. Criada por Arnaut Daniel, no século XII, foi usada por alguns dos grandes poetas, como Dante, Petrarca, Camões, etc. No Brasil dela se utilizaram Jorge de Lima, Américo Jacó, Waldemar Lopes, Edmir Domingues, Dirceu Rabelo, Alvacir Raposo, Geraldino Brasil e outros. Estruturalmente compõe-se de seis sextetos e um terceto final, a coda. Utilizando versos decassilábicos, tem as palavras (ou as rimas) finais repetidas em todas as estrofes, num esquema pré-determinado. Assim, as palavras (ou rimas) que aparecem na primeira estrofe, na sequência de versos 1, 2, 3, 4, 5, 6, repetem-se na estrofe seguinte, na sequência 6, 1, 5, 2, 4, 3. E se faz na estrofe seguinte a sequência 6, 1, 5, 2, 4, 3 em relação à estrofe anterior. E assim até a sexta estrofe, finalizando os sextetos. O terceto final, chamado coda, envio ou remate, tem, em cada verso, no meio e no fim, marcando as sílabas tônicas, as palavras (ou rimas) utilizadas no poema todo, na posição em que se apresentaram na primeira estrofe.