ZÉJEL DE AMORES FLORIDOS
No campo nascem as flores
E na alma os amores
Nascem a todo instante
Com viço exuberante
Brilhando qual diamante
Com orvalhos multicores
No campo nascem as flores
E na alma os amores.
Buscando a bênção da lua
Que no céu, feliz, flutua,
Iluminando a rua,
Esparzindo olores...
No campo nascem as flores
E na alma os amores.
Afuá, Pará, Brasil, 27 de agosto de 2010.
Composto por Jayme Lorenzini García
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ZÉJEL - É uma composição poética medieval, de origem árabe, amplamente difundida na Península Ibérica durante o período da ocupação muçulmana, entre os séculos VIII e XV. Era muito popular no Alandalus e era acompanhado de instrumentos como alaúde, flautas, tambor e castanholas, integrando a tradição da poesia cantada e popular, com raízes na música e na oralidade, sendo precursor de outras formas poéticas como o villancico e a moachaha. O poeta cordovês Muhammad ibn Abd al-Malik ibn Quzman, mais conhecido como ibne Gusmão, é o autor do cancioneiro de zéjeles andalusinos mais conhecido. A estrutura do zéjel é composta por: 1) Estribilho - um dístico inicial temático (AA); 2) Mudança - número variável de estrofes compostas de três versos monorrimos (BBB) e 3) Volta - um monóstico de rima constante igual a do estribilho (A), anunciando a sua repetição. Portanto, em resumo, o esquema de rimas é: AA-BBBA, AA-CCCA, AA-DDDA, etc. A alternância de refrão e estrofes cria uma musicalidade própria. Quanto à temática o zéjel frequentemente aborda temas como amor, natureza, celebrações e questões do cotidiano, muitas vezes com um tom alegre e leve. Sua musicalidade e simplicidade o tornam ideal para performances públicas e interação com o público. A forma do zéjel influenciou diversas tradições poéticas na Península Ibérica e contribuiu para o desenvolvimento da poesia lírica europeia medieval, sendo um elo entre a poesia árabe e a tradição ocidental. Por sua métrica fixa, melodia e simplicidade, o zéjel permanece como uma expressão da fusão cultural entre Oriente e Ocidente.