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INTOLERÂNCIA E LIBERDADE: A TRAGÉDIA DE BRANCA DIAS EM 'O SANTO INQUÉRITO'

 

O Santo Inquérito, escrita por Dias Gomes e encenada pela primeira vez em 1966, é uma peça emblemática do teatro brasileiro, explorando temas universais de opressão, injustiça e a luta entre o poder religioso e a liberdade individual.

 

A trama se passa no século XVII, durante a Inquisição no Brasil, e gira em torno de Branca Dias, uma jovem inocente e de espírito livre que é acusada de bruxaria pelo Tribunal do Santo Ofício. Branca é uma personagem que simboliza a pureza e a resistência à opressão, sendo vítima da intolerância religiosa e da moralidade repressiva da época. A peça começa com sua vida tranquila e seus ideais de amor e liberdade, mas rapidamente, ela se vê envolvida em um processo inquisitorial.

 

O ponto alto da peça é a maneira como Dias Gomes expõe as contradições e hipocrisias do poder religioso. A personagem do Padre Bernardo, que inicialmente parece ser um mentor espiritual, revela-se uma figura manipuladora, representando a face corrupta e opressiva da Igreja. A peça denuncia a maneira como a religião, sob o pretexto de proteger a fé, é usada como ferramenta de controle social e de repressão das liberdades individuais.

 

Dias Gomes, ao ambientar a peça em um contexto histórico específico, faz uma crítica atemporal às formas de poder que utilizam a religião como instrumento de dominação. O autor utiliza diálogos fortes e simbólicos para explorar a tragédia de Branca Dias, que é condenada não por suas ações, mas por ser diferente e questionar a ordem estabelecida. O julgamento de Branca é, na verdade, um julgamento de sua independência e de sua recusa em se submeter cegamente às normas impostas.

 

Outro aspecto relevante é a crítica à cegueira da sociedade frente às injustiças cometidas em nome da fé. A peça expõe como a sociedade, ao aderir passivamente às normas e dogmas impostos, contribui para a perpetuação da violência e da intolerância. A tragédia de Branca Dias é, assim, um reflexo da tragédia coletiva de uma sociedade que se recusa a questionar e a lutar contra a opressão.

 

O Santo Inquérito é uma obra que, apesar de ambientada no passado, ressoa com questões contemporâneas sobre a liberdade de pensamento, a opressão e a necessidade de resistir às imposições autoritárias. A peça de Dias Gomes, com sua crítica feroz à hipocrisia e à repressão, continua sendo um marco na dramaturgia brasileira e um alerta para os perigos de qualquer forma de poder que se arvore em detentora da verdade absoluta.

 

Em resumo, O Santo Inquérito é uma obra profunda e complexa que, por meio da história de Branca Dias, nos convida a refletir sobre a intolerância, a liberdade e o papel do indivíduo em face das forças opressoras. A peça é uma crítica contundente à manipulação religiosa e à violência institucionalizada, temas que, infelizmente, permanecem relevantes em nossa sociedade atual.

 

Belém, Pará, Brasil, 02 de setembro de 2024.
Composto por Gilberto Priante Tavares
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Jaime Adilton Marques de Araújo
Enviado por Jaime Adilton Marques de Araújo em 02/09/2024
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TABACARIA

Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. [...] Fiz de mim o que não soube E o que podia fazer de mim não o fiz. O dominó que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. [...]

Álvaro de Campos

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Um Amor Para Recordar, O Leitor, O 13º Andar, A saga Matrix, A saga Deixados Para Trás, entre outros.

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